Atualmente há uma crescente demanda mundial por práticas na saúde baseadas em evidências. Nas últimas décadas esta demanda alcançou também a psicologia. A inspiração para Psicologia Baseada em Evidências (PBE) surgiu do movimento da

medicina que se originou da epidemiologia clínica anglo-saxônica, iniciado na Universidade McMaster no Canadá no início dos anos noventa.

Movimento definido como o processo sistemático de descobrir, avaliar e usar resultados de investigações como base para decisões clínicas. A PBE é um modelo de tomada de decisão baseado na melhor evidência disponível para o cuidado com o cliente/paciente. Promove prática psicológica eficaz e contribui com a saúde pública através da aplicação de princípios empiricamente baseados em avaliação psicológica, formulação de caso, relação terapêutica e intervenção.

Tradicionalmente, a PBE considera três pilares:

1 – A melhor evidência científica disponível;

2 – Competência clínica;

3 – As características do cliente.

No primeiro pilar, considera-se a melhor evidência disponível em relação à efetividade, eficiência, eficácia e segurança das intervenções psicológicas. A efetividade diz respeito a prática que funciona em condições do “mundo real”. A eficiência diz respeito ao custo-benefício. A eficácia diz respeito à prática psicológica que funciona em condições de mundo ideal (estudo controlado). E, por último, a segurança significa que uma intervenção psicológica tem efeitos confiáveis que tornam improvável a ocorrência de algum efeito indesejável para o cliente. As evidências são classificadas considerando informações científicas de maior confiabilidade e precisão em condutas terapêuticas e preventivas.

O segundo pilar da PBE diz respeito à competência clínica, que considera o julgamento clínico e a experiência clínica. Os profissionais fazem uso de suas habilidades clínicas e experiências em relação ao diagnóstico, riscos individuais e benefícios de potenciais intervenções. Apesar do intenso debate sobre o valor da experiência clínica em informar julgamentos válidos sobre a prática, a prática psicológica envolve necessariamente a incorporação da competência clínica baseada em evidência científica.

O terceiro pilar da PBE consiste nas preferências, história de vida e valores do cliente/paciente que é um aspecto muito relevante na seleção das intervenções. A PBE pressupõe a decisão informada, ou seja, as decisões clínicas devem ser feitas em colaboração com o cliente/paciente, com base na melhor evidência clinicamente relevante e levando em consideração o provável custo-benefício.

A decisão sobre a intervenção ou plano de tratamento é responsabilidade do profissional, entretanto deve-se informar, respeitar e incentivar o envolvimento do cliente/paciente em todo processo. Esta conduta é muito importante, pois assim, respeita-se a autonomia do cliente/paciente.

A tendência é que a PBE, cada vez mais influencie a educação, a pesquisa e a prática em psicologia. É de extrema urgência que a PBE se torne um tópico discutido  no  ambiente  acadêmico,  as  práticas  psicológicas  relacionadas  à prevenção, cuidado e promoção à saúde precisam ser baseadas nos resultados das melhores evidências científicas.

A utilização da PBE permite aos profissionais da psicologia formularem decisões clínicas pautadas na avaliação crítica das evidências científicas encontradas. Para futuros psicólogos, o entendimento e a aplicação da PBE são cruciais. O futuro profissional precisa estar em constante atualização, compreendendo sua realidade de uma forma ampla e pautado em um conhecimento confiável. A PBE prepara os profissionais para serem críticos e analíticos em relação às intervenções psicológicas, garantindo que eles estejam atualizados com práticas e técnicas mais eficientes.

Autores:

Anna Carolina Gonçalves Souza

Ivaldo Ferreira de Melo Junior

Categorias: Diversos