Em 2007, a Organização das Nações Unidas (ONU) define todo dia 02 de abril como o dia Mundial de Conscientização do Autismo, nos lembrando que é importante pensar no porque precisamos de um dia para isso enquanto sociedade. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é descrito pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5)  como déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos.

Além disso, esses déficits somam-se aos padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades do sujeito autista. Os sintomas devem estar presentes desde o período do desenvolvimento infantil, causando prejuízos significativos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas da vida do indivíduo.

O Autismo por si só já deveria ser uma condição mais amplamente estudada e conhecida pela sociedade. Dito isto por que o autismo é um transtorno do desenvolvimento invasivo e comprometedor das habilidades e competências que se adquire ao longo do desenvolvimento. Ao longo de toda uma história de vida.

Autismo hoje e antes

É visto que cada vez mais crianças são diagnosticadas com esse transtorno. Segundo o Centro de Controle de Doenças e Prevenção do governo dos EUA (CDC), no ano de 2010, 1 a cada 110 crianças era diagnosticada com autismo e em 2020 esse número “salta” para 1 em cada 54 crianças.

Vale citar que a incidência do TEA não seleciona grupos étnicos, classes sociais ou gêneros. Sendo, portanto, um problema de saúde pública com grande impacto econômico, familiar e social (Maia et al. 2018).

As primeiras definições a respeito do Autismo surgiram em 1943 e foram definidos por Kanner como Distúrbio autístico do contato afetivo. Em 1944, Asperger em seu estudo propõe uma denominação de psicopatia autística. Com isso, os estudos subsequentes trouxeram definições mais precisas e específicas de suas causas, tratamentos e características. Conduzindo-nos, assim, ao conhecimento que temos a respeito do espectro.

Causas e tratamento

As causas do TEA são primordialmente multifatoriais e genéticas. Vale dizer, inclusive, que ainda não se descobriu o “gene do autismo”. Dentro do espectro, há uma hierarquia dos graus mais leves aos mais severos e que são diagnosticados e classificados por médicos. O tratamento envolve uma equipe multidisciplinar que precisa estar qualificada a realizar intervenção intensiva de qualidade. Equipe que deve estar baseada em evidências científicas de eficácia, pensada no indivíduo como um todo e em todos os contextos de vida do mesmo.    

Encontramos cada vez mais um maior número de profissionais capacitados a realizarem os diagnósticos e intervenções eficazes. Sendo estes capazes de melhorar a qualidade de vida das pessoas no espectro e de suas famílias. Entretanto, ainda é preciso percorrer um longo caminho para que consigamos intervir com qualidade, de formas específicas, a um espectro tão amplo e que pode se manifestar de diversas formas entre os indivíduos diagnosticados ou não.

Responsabilidade

 Devemos amplamente estudar e discutir o autismo para que possamos compreender melhor suas causas, produzir conhecimento de qualidade para orientar pais, familiares  e profissionais. Para que, desse modo, possamos empoderar a todos a serem vetores ativos de intervenção, compreensão e acolhimento.

Por consequência, há chances de estimular o desenvolvimento do pleno potencial de pessoas no espectro, sejam crianças, adolescentes, adultos ou idosos. Para que, dessa maneira, possamos gerar maior qualidade de vida para os mesmos.

Muito se fala sobre sair do espectro, vale ressaltar que ainda não existe uma cura para o Autismo. Temos intervenções de muita eficácia e que oferecem grandes possibilidades de progressos para os mais diversos indivíduos que se encontram no espectro.

Porém, conscientizar sobre o TEA envolve ressaltar que nem tudo é sobre sair do espectro, e que, muitas vezes, há o dever ético e moral de pensar em como é ter a liberdade de ser quem se é e ainda assim atingir seu pleno potencial de desenvolvimento sendo respeitado, compreendido e acolhido em suas dificuldades.

Caíssa Sérgio Ramos Psicóloga.

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