Em 22 de março, celebramos o Dia Mundial da Água, um momento para refletirmos sobre a importância desse recurso essencial para a vida. Este ano, o tema definido pela ONU globalmente para o Dia Mundial da Água é Água para a Paz. Isso ressalta como a gestão da água está intrinsecamente ligada à harmonia global.
No Brasil, em janeiro desse ano, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) deu início a uma importante conversa sobre nosso futuro. Durante uma transmissão ao vivo repleta de expectativas, a ANA anunciou o tema central para o Dia Mundial da Água 2024 no Brasil: “A Água nos Une, o Clima nos Move”.
Esse tema não foi escolhido ao acaso. Ele reflete uma profunda reflexão e entendimento de que água e clima são elementos intrinsecamente ligados ao nosso cotidiano e ao destino da humanidade. As mudanças climáticas, com seus efeitos devastadores, atingem principalmente os grupos mais vulneráveis, provocando escassez de água, aumento no custo dos alimentos e a proliferação de doenças.
Do Rio ao Mar: A Jornada Catastrófica da Poluição de nossas águas
Nossos mares e oceanos estão sob a ameaça constante da poluição por lixo, especialmente plástico. A cada ano, toneladas de resíduos acabam nos oceanos, prejudicando a vida marinha e as economias dependentes do mar.
Surpreendentemente, muito desse lixo tem origem nos rios, carregando poluentes das cidades para o mar. Esse ciclo de poluição afeta não apenas a biodiversidade marinha, mas também a qualidade da água dos rios e a saúde humana.
É crucial adotarmos medidas eficazes de gestão de resíduos e promovermos a conscientização sobre o impacto do nosso lixo nos ecossistemas aquáticos. Mas como se não bastassem as ameaças aos recursos hídricos não param por aqui. Ao longo das últimas décadas o clima em nosso planeta tem modificado, por processos naturais, todavia e a ação humana tem acelerado esse processo. Assim, além dos problemas ambientais causados pela poluição de nossas águas, também temos que enfrentar a alteração do ciclo da água em decorrência das mudanças climáticas.
Jornada da Água 2024: Um Chamado à Ação Frente às Mudanças Climáticas
Diante dessa realidade, a ANA propõe um diálogo contínuo e ações concretas. A Jornada da Água 2024 foi lançada com esse propósito, acompanhada do estudo “Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil” e de um hotsite temático (https://jornadadaagua.ana.gov.br), que servirão de base para discussões e iniciativas ao longo do ano, culminando no Dia Mundial da Água, em 22 de março.
A escolha do tema “A Água nos Une, o Clima nos Move” é um chamado à ação. É um convite para que cada um de nós reconheça a urgência de planejar e preparar nossa sociedade para enfrentar e se adaptar aos desafios impostos pela mudança climática. Juntos, podemos encontrar respostas eficazes e construir um futuro mais resiliente e sustentável para todos.
A água é essencial para a vida, a agricultura, a indústria e muito mais. No entanto, sua escassez pode acirrar conflitos e ameaçar a paz. Por isso, é fundamental promover uma gestão sustentável da água, evitando disputas e construindo sociedades mais pacíficas.
Enfrentamos desafios como mudanças climáticas e poluição, mas por meio de práticas sustentáveis e cooperação internacional, podemos garantir o acesso equitativo à água e promover a paz.
Confira o novo estudo sobre o impacto da mudança climática nos recursos hídricos do Brasil
Como as transformações climáticas estão afetando as águas em diversas regiões do Brasil? Para responder a essa questão, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) divulgou recentemente a primeira edição do estudo “Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil”. Esse relatório será fundamental para orientar as ações, de Estados, Municípios e União, na busca pela segurança hídrica do nosso país.
Pela primeira vez, o levantamento da ANA detalha os efeitos das mudanças climáticas na disponibilidade de água no Brasil, considerando a escala de sub-bacia. Esse documento serve como referência para o planejamento e a gestão dos setores de recursos hídricos e saneamento básico, sendo útil para comitês de bacias, órgãos públicos, pesquisadores e usuários de água.
O estudo prevê uma tendência de redução na disponibilidade hídrica em quase todo o país, incluindo grandes centros urbanos e áreas cruciais para a produção agrícola, como a bacia do rio São Francisco. Essas projeções consideram cenários de curto, médio e longo prazo, abrangendo os períodos de 2015 a 2040, de 2041 a 2070 e de 2071 a 2100, respectivamente.
De acordo com o estudo, a disponibilidade hídrica pode diminuir mais de 40% em regiões hidrográficas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste até 2040. Essa redução pode levar ao aumento de rios intermitentes, especialmente no Nordeste, afetando a geração hidrelétrica, a agricultura e o abastecimento de água nas cidades dessas regiões. Em contrapartida, o Sul pode ter um aumento de até 5% na disponibilidade hídrica até 2040, mas com maior imprevisibilidade e frequência de cheias e inundações.
O estudo também apresenta as tendências dos impactos da mudança climática por bacia hidrográfica, fornecendo informações importantes para a tomada de decisões e a elaboração de medidas de adaptação. Essas medidas podem incluir o aprimoramento da gestão de recursos hídricos, a busca por fontes alternativas de água, o uso mais racional desse recurso e a expansão da infraestrutura hídrica.
Gestão de Recursos Hídricos em Zonas Urbanas: A Necessidade de Políticas Integradas
Uma das principais conclusões desse estudo é que os desafios mais significativos ocorrem nas áreas metropolitanas e conurbadas, onde a integração intersectorial e interinstitucional de políticas, bem como de sistemas de planejamento e gestão, é crucial. Essa integração é vista como vital para o desenvolvimento de estratégias, programas e investimentos que abordem questões socioambientais e a gestão de recursos hídricos em zonas urbanas. Especialmente nas regiões metropolitanas, a falta de integração entre as políticas de recursos hídricos, saneamento e desenvolvimento urbano é evidente. Isso revela a necessidade de uma maior regulamentação e alinhamento de diversos planos, como os estaduais de recursos hídricos, municipais de saneamento e desenvolvimento urbano, entre outros, para alcançar os objetivos de desenvolvimento local ou regional.
A resolução desses problemas requer a atenção a várias condições fundamentais, incluindo a integração de modelos e formas de gestão com uma ampla revisão institucional. Isso deve contemplar uma redefinição das funções dos agentes públicos, privados e empresas estaduais, bem como uma redução do papel do Estado em favor do setor privado e uma descentralização que beneficie administrações municipais. A remodelação institucional implica também uma redefinição das estruturas organizacionais e funcionais, levando a uma reconfiguração administrativa dos órgãos envolvidos e à realocação dos níveis decisórios.
Além disso, a importância de ferramentas como a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) é fundamental para a viabilização e o aperfeiçoamento de políticas, planos e programas e sua integração. O papel das faculdades, universidades e institutos de pesquisa na capacitação técnica e gerencial também é essencial, junto com a necessidade de aprimoramento tecnológico e de equipamento das estruturas públicas para uma gestão e planejamento integrados. Finalmente, a importância da participação da sociedade e da educação ambiental é reconhecida como fundamental para o fortalecimento da cidadania e para criar um ambiente institucional favorável ao desenvolvimento sustentável.
Links para o estudo: