A Jornada da Luta Nacional da Pessoa com Deficiência no Brasil: Superando Barreiras e Garantindo Direitos

O Dia da Luta Nacional da Pessoa com Deficiência é uma ocasião significativa que nos convida a refletir sobre a jornada de superação e reivindicação de direitos das pessoas com deficiência no Brasil. Neste artigo, exploraremos como diversos movimentos sociais e grupos se uniram ao longo da história para assegurar direitos sociais, econômicos e a inclusão dessas pessoas na sociedade.

A história da atenção às pessoas com deficiência no Brasil é uma jornada que começou com um enfoque na caridade, passando por diferentes estágios até chegar à defesa de seus direitos como cidadãos de pleno direito. No Império, instituições como o Instituto Benjamin Constant e o Instituto Nacional de Educação dos Surdos tinham o propósito inicial de acolher pessoas com deficiência, mas essas instituições eram mais caridosas do que políticas públicas no sentido moderno.

Até o século passado, a maioria das instituições que cuidava de pessoas com deficiência tinha uma abordagem de caridade, refletindo valores morais mais do que políticas sociais. No entanto, o cenário começou a mudar em 1948 com a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pelas Nações Unidas, que afirmou que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. A partir desse momento, acordos e convenções internacionais foram elaborados para combater a discriminação e a violência contra grupos vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência.

No Brasil, associações como a Sociedade Pestalozzi e a APAE foram formadas para promover o bem-estar e a inclusão das pessoas com deficiência. À medida que o tempo avançava, o foco do cuidado das pessoas com deficiência se voltava mais para a reabilitação, abrangendo áreas como assistência social, educação e saúde.

1º “Encontro de Entidades de Pessoas Deficientes”, realizado em 1980 na Universidade de Brasília. Foto: Acervo do Memorial da Resistência
1º “Encontro de Entidades de Pessoas Deficientes”, realizado em 1980 na Universidade de Brasília. Foto: Acervo do Memorial da Resistência
2º Seminário Estadual da Pessoa Deficiente, 1986. Foto: Acervo Dra. Linamara Battistella
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Em 1975, a Organização das Nações Unidas lançou a Declaração dos Direitos das Pessoas com Deficiência, definindo as pessoas com deficiência como aquelas que não conseguem satisfazer todas as suas necessidades em uma sociedade “normal” devido a deficiências físicas ou mentais. No entanto, essa definição não abordava as barreiras sociais e econômicas que dificultavam a inclusão. O termo “Pessoas com Deficiência” passou a ser preferido pelo próprio movimento das pessoas com deficiência, refletindo uma compreensão mais ampla de que a deficiência não é apenas uma característica individual, mas resultado de barreiras sociais e culturais.

Nos anos 1970 e 1980, um grupo de pessoas com deficiência no Brasil iniciou uma jornada de superação dos desafios que enfrentavam. Eles se organizaram e fundaram associações, como a Associação de Deficientes Físicos do Rio de Janeiro (ADFERJ), para conquistar coisas simples, como rampas para cadeiras de rodas e oportunidades de lazer.

Conforme o tempo avançava, esses grupos de pessoas com deficiência perceberam que precisavam lutar por muito mais. Eles almejavam ser reconhecidos como cidadãos com os mesmos direitos que todos os outros. Com coragem, marcharam, fizeram reivindicações e dialogaram com o governo para assegurar esses direitos.

Essa jornada teve marcos importantes, como a Emenda Constitucional de 1978, que protegeu os direitos das pessoas com deficiência no Brasil, o Ano Internacional da Pessoa Deficiente em 1981, que influenciou as Nações Unidas a reconhecerem a importância dos direitos das pessoas com deficiência, a Constituição Federal de 1988, que incorporou regras para garantir os direitos das pessoas com deficiência no Brasil, e a criação de leis específicas para garantir acessibilidade, cotas de emprego e outros direitos fundamentais das pessoas com deficiência.

No entanto, muitos desafios persistentes ainda existem. A acessibilidade e a inclusão social continuam sendo questões fundamentais. Portanto, é vital que as pessoas com deficiência e toda a sociedade brasileira continuem a trabalhar juntas para eliminar barreiras e preconceitos, rumo a uma sociedade verdadeiramente inclusiva e igualitária para todos. Neste Dia da Luta Nacional da Pessoa com Deficiência, honramos a coragem e a resiliência dessas pessoas que fizeram história e que continuam a moldar um futuro mais inclusivo para todos nós.